Cirurgia de varizes: quando e como é o tratamento da safena.

O dia a dia da maioria dos cirurgiões vasculares, os especialistas dedicados ao tratamento das das doenças circulatórias, é voltado  para o atendimento de pessoas com varizes nas pernas. E não poderia ser diferente, as varizes são a doença vascular mais frequente, ocorrendo em cerca de 40% da população, principalmente nas fases mais tardias da vida.

Existem algumas formas de se tratarem as varizes, entretanto, o tratamento “definitivo”, ou mais apropriadamente, duradouro, envolve algum procedimento, seja a escleroterapia, popularmente conhecida como secagem de vasos ou veias (saiba mais sobre escleroterapia) ou a cirurgia. O tratamento conservador, ou seja, sem procedimentos, são indicados apenas em casos selecionados (leia mais sobre tratamento conservador ou medicamentos para varizes).

Cirurgias de varizes são todas iguais?

Obviamente que não. De maneira bem simplificada, podemos dividir as cirurgias de varizes em dois grupos: as cirurgias que envolvem o tratamento da veia safena e as cirurgias que não envolvem o tratamento da veia safena (leia mais sobre cirurgia de varizes sem o tratamento da safena).

Quando indicar a cirurgia de varizes para a veia safena?

Inicialmente, você sabe o que é a veia safena? Pois bem, as safenas são veias localizadas nas pernase fazem parte da circulação dos membros inferiores. Em cada perna existem duas safenas, uma que começa no tornozelo (parte interna do pé) e vai até a virilha (safena magna), e a outra que começa no tornozelo (parte externa do pé)  e termina na dobra do joelho (safena parva).

As safenas normalmente conduzem o sangue dos pés para os segmentos mais proximais, ou seja, para as partes mais altas do corpo. Entretanto, estas veias podem dilatar e deixar de conduzir o sangue no sentido correto, é o que chamamos de refluxo nas veias safenas. As consequências disso são a possibilidade de outras veias ficarem sobrecarregadas e desenvolverem outras varizes ou provocarem sintomas como edema (inchaço) e dores nas pernas. Nos casos mais avançados pode ocorrer a formação das úlceras varicosas (feridas nas pernas) que são bastante desagradáveis e muitas vezes muito dolorosas.

Portanto, a cirurgia para o tratamento das safenas é indicada quando há dilatação e insuficiência nestas veias.

Como saber se as safenas estão doentes?

Habitualmente as pessoas que apresentam algum problema nas veias safenas desenvolvem os sintomas clássicos: dores e inchaço nas pernas. Além disso, elas podem estar dilatadas e serem identificadas pelo especialista durante a consulta médica.

Porém, a maneira mais confiável de se avaliarem as veias safenas é através de um exame de imagem, o ultrassom com Doppler venoso, que permite a identificação da veia, a quantificação da sua dilatação e se há refluxo ou não na veia (leia mais sobre ultrassom com Doppler venoso das pernas).

A partir daí podemos indicar ou não o tratamento da veia safena.

Mas cuidado…

A indicação do tratamento da safena deve ser cuidadosamente avaliado individualmente para cada pessoa. O exame por si só não é determinante de uma cirurgia, afinal não tratamos o exame e sim o paciente. Portanto, só uma consulta com um especialista criterioso no assunto pode avaliar a real necessidade do tratamento da veia safena.

Ocasionalmente algumas safenas podem apresentar pequenas dilatações ou refluxos  que não merecem tratamento, apenas um acompanhamento. Não é infrequente eu atender pessoas que tiveram a indicação do tratamento de uma ou mais safenas apenas por uma alteração discreta nestas veias…

Opções de tratamento para a veia safena

Atualmente existem algumas opções de tratamento para a veia safena. Escleroterapia com espuma, tratamento da safena com laser, tratamento da safena com radiofrequência e a remoção das veias safenas estão entre as modalidades mais comuns. As cirurgias com laser e radiofrequência consistem em uma espécie de cauterização da veia, sem a necessidade de remoção da safena. São chamadas de “tratamentos minimamente invasivos”, pois a cirurgia é de menor porte e a recuperação é geralmente mais rápida no pós-operatório.

Atualmente minha preferência para o tratamento das veias safenas é o tratamento minimamente invasivo, com laser ou radiofrequência, que, como mencionei, permitem uma recuperação mais rápida no pós operatório (leia mais sobre laser e radiofrequência).

Porém, existem situações onde a cirurgia convencional está indicada, por exemplo, em pessoas que apresentam as safenas muito próximas da pele, que podem apresentar queimaduras por essas opções de tratamento, podendo gerar um risco de deixar a pele manchada. Outra condição é a safena muito calibrosa ou dilatada. Neste último caso pode não ocorrer o fechamento completo da veia, sendo necessária uma segunda intervenção.

Como é a cirurgia convencional para a veia safena?

A cirurgia convencional envolve a retirada da veia, portanto são necessária incisões (cortes) na pele para que a safena seja removida.

Os cortes para o tratamento da safena magna são realizados na virilha, onde a veia comunica-se com a veia femoral, e no tornozelo ou no joelho, dependendo de cada situação. Após a separação da safena da veia femoral e no tornozelo, é colocado um dispositivo dentro da veia, chamado de fleboextrator, desde a porção próxima ao pé até a virilha. Este dispositivo é então amarrado à safena em ambas extremidades, sendo tracionado e removido junto com a veia. Depois disso, suturamos as incisões (fechamento com pontos) e são aplicados curativos e enfaixamento da perna tratada.

Este método é consagrado pelo tempo, pois a primeira fleboextração da safena foi realizado em 1905, sendo utilizado até hoje, obviamente com aprimoramentos e melhora da técnica e dos materiais utilizados. Entretanto, não deixa de ser um método, de certa forma, traumático, pois a veia é literalmente “arrancada”, o que pode gerar hematomas relativamente extensos e dor no pós-operatório.

Nada de repouso no pós-operatório da cirurgia de varizes

Isso mesmo, repouso é absolutamente dispensável após uma cirurgia de varizes. Isso não quer dizer que as pessoas farão de tudo logo no dia seguinte à cirurgia. Toda cirurgia envolve manipulação da pele, tração e afastamento de estruturas do corpo, obviamente isso pode gerar um certo desconforto ou dor. No passado, postulava-se que a pessoa deveria ficar um mês em repouso, e existe ainda a crença que ‘se não fizer repouso, as varizes voltam”. Pura bobagem! Hoje sabemos que esse repouso não evita a formação de novas varizes. O repouso será determinado pelo paciente, assim, caso esteja confortável, um dois, três ou dez dias após a operação o paciente poderá fazer o que quiser. Lógico que as pessoas não estarão confortáveis para realizar todas as suas atividades habituais logo de início, porém quando se sentirem confiantes, podem ir em frente…(leia mais sobre repouso no pós-operatório da cirurgia de varizes).

 

Espero que tenham gostado das explicações.

Caso tenham uma sugestão ou comentário, por favor entrem em contato.

Até o próximo artigo!

 

 

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