Se e a depressão não é contagiosa (pelo menos não no sentido literal da palavra), por que é tão frequente? A resposta não é muito fácil e tampouco objetiva, mas pode ser pelo maior reconhecimento do distúrbio nos últimos anos, a tal ponto que os medicamentos antidepressivos estão entre os campeões de venda ao redor do mundo (para a felicidade da indústria farmacêutica!).
Tristeza não é sinônimo de depressão. Muitas das reações comumente esboçadas por todos nós frente a situações tristes ou desagradáveis da vida, não necessariamente significam que alguém está deprimido. Além disso, para que seja constatada a depressão, os sintomas devem durar pelo menos duas semanas, até que o médico faça o diagnóstico.
Nem todas as pessoas deprimidas desenvolvem todos os sintomas de depressão, sendo que alguns podem experimentar poucos ou muitos destes sintomas. Da mesma forma, os sintomas podem permanecer por mais ou menos tempo, assim como a severidade dos mesmos.
Nem todas as depressões são iguais e a OMS sugere classificá-las em leve, moderada ou grave, de acordo com a intensidade e duração dos sintomas. Nos casos mais leves, as pessoas habitualmente continuam suas atividades do dia a dia, como trabalho, relações sociais, etc, embora nem sempre de maneira natural, frequentemente com alguma perda de interesse. Já nos casos mais severos podem ocorrer grandes perturbações e atrapalhar até mesmo a convivência doméstica com pessoas próximas e gerar grandes prejuízos pessoais ou profissionais
A depressão também pode estar intercalada com períodos de excitação (chamada “mania”), que leva a agitação, irritabilidade, aumento da auto-estima e diminuição da necessidade de sono – períodos de euforia.
Duração de pelo menos dois anos dos sintomas, podendo ser intercalados sintomas mais ou menos severos
Ocorre durante o período gestacional ou após o parto, podendo levar a sérias consequências até mesmo no cuidado do bebê
Associada a alguma forma de psicose (como poderia explicar rapidamente o que é psicose?)
Sintomas depressivos relacionados ao inverno; típica de países frios, com baixa insolação nesta estação do ano
Intercala períodos de sintomas depressivos com períodos de euforia e agitação
Não há uma causa única a desencadear a depressão, ela é relacionada a uma complexa interação de fatores genéticos, ambientais, biológicos e emocionais. Eventos desagradáveis na vida podem ser fatores de risco para crises depressivas (como perdas de pessoas queridas, desemprego, etc). Além disso, traumas psicológicos e decepções amorosas frequentemente também causam depressão.
Também não é infrequente o desenvolvimento de depressão relacionada a doenças graves, como doenças cardiovasculares, pós-infarto do miocárdio ou durante o tratamento de câncer.
Quem está esperando a “bala de prata” como uma medida única e efetiva de evitar a depressão, vai ficar deprimido com a resposta: não existe mágica!
Pequenas medidas, como socialização, relacionamentos interpessoais em comunidades, sejam em centros educacionais, centros religiosos, atividades intelectuais coletivas e inclusão social podem ajudar. Portanto, parece ser mais deprimido quem vive sozinho. Existem ainda programas para crianças e adolescentes, com modelos de pensamento positivo que podem ser bastante efetivos na formação de uma personalidade otimista e que ajudam a evitar a depressão inclusive na vida adulta destas crianças.
Depressão pode ocorrer em qualquer idade, mas geralmente começa na vida adulta, muito embora as crianças e adolescentes não estejam imunes ao problema. Nas crianças, a irritabilidade pode ser o indício de quadros depressivos, muito mais que a apatia ou desânimo. Muitos dos quadros depressivos do adulto podem estar relacionados a ansiedade na infância.
O diagnóstico da depressão é eminentemente clínico, ou seja, pela avaliação de um médico ou outro profissional da área de saúde, como psicólogos e psicanalistas. Existem pesquisas e tentativas de se desenvolverem marcadores (exames de imagem ou sangue) para o diagnóstico da depressão, mas isso é coisa para o futuro.
O tipo de tratamento depende de vários fatores, sendo o principal deles a gravidade da depressão.
Quadros depressivos leves a moderados geralmente são tratados inicialmente com abordagens psico-sociais.
Já os quadros moderados a graves tem indicação de uma terapia mais abrangente como terapia cognitiva comportamental, ativação comportamental e psicoterapia, sendo que estes diferentes formatos de tratamento psicológico devem levar em conta preferências individuais do paciente assim como a orientação e expertise do profissional envolvido. Nestes casos, o uso de medicamentos quase sempre é indicado.
“…não há uma modalidade de tratamento única e efetiva para todas as pessoas, frequentemente são necessárias várias ‘tentativas e erros’ até se chegar ao tratamento adequado para um determinado indivíduo.”
São os medicamentos que tratam a depressão. Eles atuam no cérebro, modificando a ação de substâncias químicas cerebrais (neurotransmissores) que influenciam no humor e estresse. Sua ação não é imediata, em geral leva de 2 a 4 semanas para começarem a produzir efeitos. Existem várias substâncias aprovadas para tratamento da depressão e distúrbios da ansiedade, cada uma com suas particularidades, indicações e efeitos colaterais. Lembre-se, a prescrição dos antidepressivos deve ser feita por médicos, preferencialmente por psiquiatras, ou outros especialistas com experiência no assunto.
Prozac (fluoxetina), Lexapro (escitalopran) , Cipramil (citalopran) , Zoloft (sertralina)
Effexor (venlafaxina), Pristiq (desvenlafaxina)
Tofranil (imipramina), Pamelor (nortriptilina), Wellbutrin (bupropiona), Anafranil (clomipramina), Remeron (mirtazapina)
Nardil (fenelzina)
Não existe o medicamento perfeito, ou seja, que seja eficaz, seletivo para seu propósito e isento de efeitos adversos.
Os antidepressivos são medicamentos bastante seguros, embora todos eles podem causar efeitos colaterais. Alguns destes medicamentos são mais toleráveis que outros.
Náusea e vômito
Ganho de peso
Diarréia
Sonolência
Disfunções sexuais
Nunca deixe de tomar seu antidepressivo sem orientação do seu médico. Embora estes medicamentos não causem dependência, a interrupção abrupta do uso dos antidepressivos podem causar sintomas de abstinência.
Atenção com a auto medicação e inúmeros compostos auto intitulados “naturais”, como por exemplo a “erva de São João”. Muitos destes “medicamentos” não têm comprovação científica de eficiência e nem aprovação das agências reguladoras (Anvisa, FDA, etc.) e existem sérios questionamentos a respeito da segurança destes compostos. Por exemplo a erva de São João pode provocar quadros graves de intoxicação quando associado aos medicamentos antidepressivos.
O que isso tudo tem a ver com o sistema circulatório? Fundamentalmente, nada. Mas não é incomum pessoas relacionarem dores nas pernas a “problemas de circulação” ou “falta de circulação”, termos inapropriados porém frequentemente utilizados por pacientes nos consultórios do cirurgião vascular. E saiba que depressão e ansiedade podem gerar dores musculares pelo corpo, e frequentemente dores musculares nas pernas levam a crer que são desencadeadas por distúrbios circulatórios. Na dúvida, não deixe de consultar um médico.
Espero que tenham gostado do artigo e até o próximo!
http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs369/en/
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